"Selos Recebidos"

sábado, 11 de junho de 2011

"Navegante"



Navegante de águas calmas e cristalinas
Escrevia sobre amor e na proa criava rimas
Águas feitas em lençol, não repudiava a embarcação
Divagava sobre o que não possuía, assim moldado pela razão

Belo dia ensolarado, acometido por pensamentos
De certo uma garrafa que viajava e trazia nela sentimentos
Assim o navegante se reconhece na palavra descrita
E sente que neste porto distante pode reencontrar vida

Desiste das águas calmas, e parte em rumo ao desconhecido
Mesmo diante do temeroso, enfrenta o Mar e encara seu rugido
Enfrenta tormentas e tempestades, a fim de estancar uma saudade
A saudade dos infindáveis dias, do sentimento que teve apenas em tenra idade

Logo ao iniciar de sua viagem, tem do Mar seu estado revolto
Correm lágrimas de sua face e pensa em desistir, diante ao desconforto
Que sentimento pode assim nascer e findar-se ante a um começo
E assim feito mágica o céu se abre, o Mar se acalma e reconhece seu apreço

Assim o navegante retoma sua viagem, mesmo sem conhecer a trajetória
Sente com extrema exatidão os sentidos que lhe permeiam a memória
As palavras que o acenderam no passado, o aquece em noites frias
Vislumbra estar logo ancorado e ao lado de sua amada relembrar travessias

Mas repentinamente e durante um tenro devaneio
É acometido por uma névoa que diante dos olhos lhe causa anseio
Teme se perder em meio a escuridão, e não mais encontrar seu porto
Agoniza-se por sentir uma possível perda, a ausência de seu esperado conforto

O navegante se assenta, assustado por sentir calar-se o chamado
O desejo desperto, parece disperso seu ritmo parece agora abalado
Se vê diante de uma escolha que aterroriza a mente, perfura o coração
Desistir desta busca inquietante, ou aceitar que talvez possa navegar em vão

Passa o dia sem tocar novamente em seu timão
Pergunta aos sete mares o por que de tamanha sofreguidão
Nada resulta de seus questionamentos, apenas o silencio ensurdecedor
O pescador que nada pescava, insultava-se diante de tamanha sua dor

Repudiava seu sentido e se culpava por navegar em busca ao desconhecido
Relembra seus dias deitado na proa, falando do amor que um dia o fez embrutecido
Diante da imensidão do Mar, via a um palmo apenas a névoa a lhe circundar
E na inércia de suas certezas, a única certeza que tinha era a de poder naufragar

De pé sobre a popa seus olhos se perdem ao imaginar o quanto havia navegado
Lembra dos sentidos aflorados, do amor que sempre se proclamou acalentado
Cabisbaixo seu pensar se perde dentro de si mesmo
Que vale a vida se esta ter sido vivida apenas a esmo

Enche os pulmões de ar
Sabe que sua força provem do dom de amar
Retoma sua posição diante ao timão
Seja o que Deus quiser, pois hei de seguir a bússola deste coração

"Se haverá porto ou não quando finalmente atracar
Sei que a viagem não temi, pois amei logo ao iniciar
Não naveguei em busca de um simples ideal
Abandonei a calmaria, para ter em vida o amor real"


"...Continuo a navegar, na busca deste porto distante, e continuo tão somente por desejar-lhe amar..."



Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Web Analytics