O vazio me preenche.
Me faz inteiro não sendo metade.
O sono me desperta.
Tira me do leito e a alma espeta.
Sou pego em flagrante por ninguém.
Sou julgado e sentenciado prisioneiro de quem?
Fui eu o condenado, e fui eu quem a mim condenou.
Estou preso em liberdade mas a alma se cansou.
Respiro o ar mais puro, e sinto falta do próprio ar.
Me dispo sob a chuva, e sinto sede mesmo tendo o mar.
A prisão que me fecha não possui grades.
Tampouco janelas ou pilares.
Estou preso em mim mesmo.
Vivencio a vida como se fosse a esmo.
Sinto falta de uma tal liberdade
Pois sei que minha corrente se chama saudade.