Hoje uma criança adormece temerosa
Teme que o dia de amanhã a vida deixe de lhe ser saborosa
Reluta dentro de sua memória, vislumbra momentos de glória
É criança repetente, pois do amor já tivera ferida latente
É ainda criança teimosa, acredita que um dia ele e o amor farão prosa
Versarão dos tempos de saudade, e também de uma tal liberdade
A liberdade que possuía mas que acima de tudo dividir a queria
Pois tal criança perdidamente apaixonada não via a hora do amor e sua chegada
Irão então prosear junto à amizade, que de certo merece a majestade
Amizade de longa data que fica quando um amor se apaga
A amizade que acompanha quando um novo amor anuncia chegada
Mas então por que a criança se sente assim medrosa?
É por que teme que a espera pelo amor seja demasiada demorada
E quando a luz da candeia se apagar, sabe que é a solidão quem vem se deitar
E tal como a vida deve prosseguir, seu tronco dia-a-dia irá se retrair
E recoberto em cascas e musgos, pouco notará o amanhecer
Feito tronco de árvore que não mais sente o orvalho lhe apetecer
E tardiamente sente o Sol que estivera ali a lhe aquecer
Dorme criança temerosa
Mas faça prece para que um amor venha junto à aurora